quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Aviauna Açoriana: Os Ilustres das nossas Ilhas

Os Açores são largamente conhecidos (e publicitados) pela sua beleza natural, mas também pela sua magnífica fauna, embora fraca em numero de espécies, riquíssima no valor e beleza destas.



Algumas espécies serão mesmo desconhecidas da maior parte das pessoas, ou poderam ser chamados por nomes diferentes dos aqui apresentados, mas concerteza que qualquer bom Açoreano concordará comigo quando exalto a magnificência destas espécies.

Comecemos pelas aves mais comuns...



Tentilhão (Fringila coelebs moreletti)




Alveola Cinzenta (Motacilla cinerea patriciae)






Pombo-Trocaz (Columba palumbus azorica)




Cagarro (calonectris diomedea borealis)


Milhafre (Buteo buteo rothschildi)
Estas são apenas algumas das várias espécies da avifauna açoreana. Em outros posts mostrarei mais algumas.
Bom fim de semana!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Biologia da Montanha do Pico 1

Flora

Os Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde pertencem, em termos biogeográficos, à região da Macaronésia*, sendo o nosso arquipélago o que se constitui pelas ilhas mais recentes e isoladas do Atlântico Norte. Devido a este facto possuem um património natural único, marcadamente oceânico, que inclui grandes valores florísticos.
Muitas espécies estão relacionadas com as famílias dominantes na flora europeia Terciária, sendo por isso consideradas verdadeiras relíquias, sendo algumas até consideradas “fósseis vivos”.Aquando da formação das primeiras ilhas dos Açores (há cerca de 8 milhões de anos), o Manto Terciário Laurifólio** já estava extinto (há 25 milhões de anos as primeiras Eras Glaciares eliminaram a vegetação subtropical laurifolia de toda a Europa, com excepções pontuais, tendo a Glaciação de WURM*** sido a ultima).




Zona biogeográfica da Macarronésia



O nosso arquipélago não teve acesso directo ao manto laurifólio original, mas sim a formações já "filtradas" pelos resntes arquipélagos desta região, que serviram de "pontes de aclimatação" entre o continente e os Açores.



A presença destas espécies no nosso arquipélago, sendo ele bastante mais recente que as restantes zonas desta região e posterior à glariação de WURM, é explicada por diferente teorias:



- Teoria das Jangadas - as espécies viajaram em "jangadas" de troncos ou outros materiais flutuantes, e, depois de "encalharem" na nossa costa, disseminaram-se pelas ilhas;



- Teoria das Aves - as sementes viajaram dentro do papo de aves migratórias, que ao parar para descansar nas ilhas, as expeliram nas suas feses;



- Teoria do Vento - As sementes mais leves são trasportadas pelas correntes aéreas e acabam por cair nas ilhas



- Teoria dos Icebergs - as sementes viajaram em Icebergs, provinientes de grandes blocos de gelo que se soltaram da massa continental, que acabam por encalhar na costa e derreter, libertando as sementes. Esta é uma teoria com pouco fundamento, tendo em conta que a glaciação de WURM é anterior ás ilhas e não há quaisquer registos de ocorrência de Icebergs nas nossas latitudes.



A flora vascular dos Açores é constituída por cerca de 1000 espécies. Cerca de 300 são autóctones e destas cerca de 70 são endémicas. Cerca de 700 plantas foram introduzidas pelo Homem.



Cada uma destas plantas está adaptada a determinadas condições ecológicas, ou seja, podem ser plantas costeiras, de média altitude ou de elevada altitude, havendo ainda algumas com uma grande amplitude ecológica, como a Erica azorica, por exemplo, que surge desde a linha costeira até aos 1800m de altitude.




Aspecto da vegetação a cerca de 1350m de altutide na Montanha do Pico (Cedro-do-Mato - Juniperus brevifolia; Urze - Erica azorica; entre outras)

Nos próximos posts falarei mais específicamente das plantas encontradas na Montanha do Pico.

*Macarronésia: Região biogeográfica, caracterizada pela presença de florestas de Laurissílva (Louro e Cedro), que inclui os arquipélagos dos Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde.


** Manto Terciário Laurifólio: Cobertura vegetal que se encontrava presente na Europa Ocidental no período Terceário, tendo sido extinta aquando da última era glaciar. Este era composto essencialmente por florestas de Louro e Cedro (floresta Laurissílva).

*** Glaciação de WURM: Designação dada à última era glaciar ocorrida na Terra, que se iniciou há cerca de 24.000 anos e terminou à cerca de 10.000 anos.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Geologia da Montanha do Pico 2

Continuando o post anterior, aqui vão algumas fotos a suportar a teoria das 3 fases de formação da Montanha do Pico:


Figura 1 - Zona da Cratera Fóssil (Quebrada da Terça), antiga Cratera-Poço (Pitt-Crater) formada na 1ª fase de formação da Montanha.





Figura 2 - Cratera-poço (Pitt-crater) formada na 2ª fase de formação da Montanha (actual cratera da Montanha)




Figura 3 - Pico-Pequeno (ou Piquinho) - pequeno cone formado na 3ª fase de formação da Montanha.




Figura 4 - Vista do interior da Cratera, com a fissura eruptiva ocorrida no final da 3ª fase de formação da Montanha assinalada.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Geologia da Montanha do Pico

A Montanha do Pico constitui um edifício vulcânico com altura de 2351m acima do nível do mar e cerca de 3500m acima da plataforma oceânica dos Açores (Nunes, J.C. 1999), o qual se designa por Estratovulcão*, muito semelhante ao Vulcão do Fogo em Cabo Verde, ao Teide nas Canárias, Monte Fuji no Japão e ao Mayon nas Filipinas, sendo o terceiro maior do Oceano Atlântico. Esta apresenta um grande número de formações geológicas características deste tipo de edifício vulcânico, bem como uma grande variedade de tipos de basalto, que variam pelas suas características morfológicas e químicas.
A montanha foi então formada por várias erupções, as quais lançaram grandes escoadas lávicas que acabaram por formar a zona Oeste da ilha, tendo, no entanto, havido também algumas erupções adventícias nos seus flancos, geralmente de natureza estromboliana. Como resultado destas erupções adventícias podemos encontrar na montanha várias formações, como os “cabeços”, das quais resultaram diversos níveis de piroclastos.

Tendo iniciado a sua formação há cerca de 240 000 anos, a edificação da montanha processou-se por fases, sendo, assim, este tipo de vulcão designado de poligenético.

Assim, podemos dividir a formação da Montanha do Pico em 3 fases:


o Fase I – Edificação de um grande cone vulcânico, devido a uma grande actividade na parte central do vulcão, tendo atingido dimensões semelhantes à do vulcão actual.
Esta fase termina com o colapso do topo do vulcão, originando uma cratera-poço* com cerca de 800m de diâmetro a uma altitude de cerca de 2050m.

o Fase II – A actividade vulcânica no topo do vulcão dá-se a partir de fissuras localizadas na cratera, originando extensos derrames lávicos pahoehoe*, que preenchem toda a cratera, e aumentam a altura do vulcão.
Esta fase termina novamente num colapso do vulcão originando uma cratera à cota aproximada de 2250m, deslocada para NNE.

o Fase III – Formação do cone do Piquinho, no interior da cratera actual, deslocado para NE, emitindo escoadas lávicas sob a forma de “lavas em tripa”* que preenchem grande parte da cratera. Esta lava originou um lago de lava na cratera, tendo transbordado nos bordos E e SE da cratera. Esta fase termina com o aparecimento de uma fissura eruptiva, no interior da cratera, emitindo essencialmente piroclastos.


Introdução

Os Açores são um arquipélago de 9 ilhas de origem vulcânica que compreendem um grande valor em termos paisagísticos, biológicos e geológicos.
Situados a meio do Atlântico, são verdadeiras joias, que tentarei dar a conhecer neste blog.
Embora este blog se destine sobretudo a mostrar o que de melhor temos no Pico, muitos outros temas serão cá discutidos, a nível regional, e até nacional, caso ache relevante para o blog.
Este será então um espaço em que serão expostos diversos temas, todos de carácter ambiental, relativos à Ilha do Pico, sendo dado um ênfase especial à Montanha do Pico, ponto mais alto de Portugal e característica dominante da paisagem do grupo central.
As criticas construtivas serão benvidas, sendo qualquer tipo de comentário de caríz bairrista ou injurioso recusado. Este é um blog de um amante da Natureza para os amantes da Natureza.
Bem haja e obrigado pela visita!

Valter Medeiros